
Com a bolha do setor imobiliário em 2007, sabe-se que o mundo inteiro enfrentou dificuldades financeiras. A “crise global” assolou, portanto, fortemente também a Grécia, país que vem encarando desde então enormes problemas orçamentários. Para se ter idéia, a dívida grega acumulada (que vence nos próximos meses) supera os 16 bilhões de euros e preocupa investidores em geral.
O cerco se aperta em torno da Grécia para sua recuperação econômica, e o apoio do bloco em prol da estabilidade da Zona do Euro tem sido discutido nas últimas semanas. Contudo, a verdade é que o euro está ferido. O grande endividamento da Grécia (e de países como Portugal e Espanha) desafia a força da moeda européia face ao dólar no mundo.
E se não bastasse a complexa situação financeira em que se encontra a Grécia, o New York Times lançou ao mundo essa semana um questionamento sobre a verdade envolvendo a própria entrada do país na Zona do Euro no ano de 2001.
Segundo fontes do jornal, a Goldman Sachs e outros bancos de investimento norte-americanos teriam participado de um esquema de acordos financeiros com o governo grego naquele ano para mascarar o real estado das finanças do país (que seria inadequado às fortes exigências européias para se fazer parte da Zona do Euro). A Grécia nega qualquer tipo de ‘golpe’ neste sentido, porém, o buraco parece ser mais fundo do que parece e mais areia deve ser lançada ao ar nos próximos dias.
No momento, espera-se que a transparência seja o objetivo das partes envolvidas. O mundo, especialmente europeu (com destaque para França e Alemanha), exige explicações sobre o assunto por parte do governo grego e das agências financeiras norte-americanas. Políticos alemães chegam, inclusive, a afirmar que a própria entrada da Grécia na Zona do Euro foi um erro. Será?
Verdadeiro mesmo é o homérico desafio de manter uma moeda única forte e estável em países com soberania reconhecida e características fiscais diferentes, especialmente em tempos de crise financeira e polêmicas fiscais. No caso analisado, os personagens envolvidos são grandes, o cenário complexo e as conseqüências das ações imprevisíveis. Parece até tragédia grega. Aguardemos, pois, seu desfecho.