Todo mundo adora um pouco de futurologia. Tentar prever o que virá, como será e quando será, são questões que a maioria das pessoas já se perguntou em algum momento da vida. Se esse exercício é tão comum no campo individual, para os países e para a economia internacional é algo imprescindível. E o atual momento do mundo no concernente ao fornecimento de combustíveis é extremamente convidativo para esse tipo de reflexão.
Mais uma vez, o globo se encontra dividido. De um lado, os países do Oriente Médio, representando os atuais maiores fornecedores de petróleo e combustíveis do mundo. De outro, as Américas, que representam países que poderão tornar-se grandes potências nesse campo. A pergunta que atualmente tem se feito, é se estaria emergindo uma nova geopolítica energética. Estariam as novas tecnologias permitindo a expansão da exploração de petróleo e gás natural em níveis tais que possibilitasse que o continente americano se tornasse o novo centro mundial dos combustíveis?
Para refletirmos melhor sobre esse tema, aqui vão alguns dados. O país que foi capaz de levantar as estatísticas de reservas de petróleo da OPEP em 2009 foi a Venezuela. Estima-se que houve uma ampliação de aproximadamente 25% em suas reservas, enquanto que as da maior exportadora da OPEP, a Arábia Saudita, mantiveram-se estagnadas, em um valor bem abaixo do venezuelano. A produção de petróleo colombiana já se aproxima daquela da Argélia e, muito em breve, pode vir a superar às da Líbia antes de sua guerra. Para o Brasil, que já contém tecnologia suficiente para explorar a camada do pré-sal, acredita-se que, em alguns anos, poder-se-á atingir o volume considerável de 1 milhão de barris por dia.
Nem mesmo os Estados Unidos estão fora dessa bolada. Recentemente obteve-se a tecnologia para explorar as formações rochosas de xisto na região da Dakota do Norte, capaz de produzir um volume de 400.000 barris/dia de uma substância semelhante ao petróleo. Essas expressivas possibilidades aliadas as já altas produções de México e Canadá sugerem que os países da América estão passando a ocupar papéis mais significativos na produção energética mundial. Agora, seria suficiente para tornarem-se o principal pólo mundial?
Ora, há quem sugira que sim. E, para esses, a Primavera Árabe seria o principal evento catalisador dessa mudança. Se há muito, a Revolução Islâmica no Irã foi capaz de reduzir a produção de petróleo do páis de 6 milhões de barris/dia para os 4 milhões de hoje ou mesmo o Iraque obteve uma diminuição significativa de aproximadamente 33% quando Sadam Hussein assumiu o poder, por que a Primavera árabe não atuaria no mesmo sentido? Há também os pessimistas que apontam para o sentido oposto. Segundo eles, as revoluções citadas seguiram um período de isolamento, enquanto que a Primavera árabe traria os países da região para a teia de interdependência, ampliando ainda mais seu comércio.
Bom, em se tratando de futurologia, não é possível obter uma resposta clara. Todavia, somos capazes de dizer que a América está tornando-se um continente bem mais significativo na produção energética que, com certeza, influenciará mais essa balança dos petroleiros. E quanto ao futuro do continente no campo energético, só o tempo dirá…