O ciclo eleitoral latino-americano
Os países da América Latina iniciaram ano passado um novo ciclo eleitoral. El Salvador, Chile, Uruguai, Honduras e Costa Rica escolheram seus presidentes. Em breve, Colômbia e Brasil farão o mesmo. A Argentina renovou o legislativo, assim como a Bolívia na semana passada.
Eleições, neste continente, são vistas como oportunidades para renovação. A demora da classe política em reconhecer as demandas dos extratos marginalizados da sociedade faz com que o pleito se transforme em momentos de esperança. Como conseqüência, esta atitude leva à personalização do processo político, pois os cidadãos tendem a se identificar muito mais com o candidato em si do que com o partido. O fenômeno se verifica ainda hoje quando vários chefes de Governo e Estado postularam a possibilidade de um novo mandato. Hugo Chávez conseguiu este feito, mas não Álvaro Uribe.
Há aqueles, porém, que vêem o processo eleitoral com descrença. O histórico da região respalda a tese. Afinal, sobram exemplos de fraude, golpes e mesmo a suspensão deste direito fundamental para qualquer democracia. O voto passa pela concepção de cidadania. Mas quem era cidadão na América Latina? O negro escravizado? O índio visto sempre com desconfiança? A mulher relegada a um papel secundário? Não é de se espantar que ainda se duvide da eficácia do pleito.
Desde o começo da década se percebe que o sufrágio na América Latina está entrando em um ciclo virtuoso. Os governantes fazem questão de submeter seus mandatos a plebiscitos e não impedem a entrada de observadores estrangeiros a fim de acompanhar o processo. Estas medidas podem parecer populistas para alguns, mas é inegável que há um aumento de respeito por esta instituição tão preciosa para os regimes democráticos.
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