Pessoal,a gripe do porco realmente (e literalmente também) tá pegando mesmo. No últimos anos, essa é a primeira vez que, pelo que estou vendo, entendo que há uma ameaça real de uma pandemia. Mas disso os jornais já estão cheios e, como nossos leitores sabem, nós somos mais arrojados por aqui!
Antes de começar o post, já falamos aqui dos casos do ex-bispo/presidente do Paraguai, o Lugo. Acontece que ele virou piada, em todos os sentidos, lá entre nossos amigos paraguaios. Já saíram camisetas (Eu não sou filho do Lugo, Eu sou filho do Lugo, e daí?), um tal de Lugômetro (que mede a quantidade de filhos do ex-padre), músicas, piadas (uma diz que perguntaram pra ele porque ele não usou camisinha, a resposta foi que ele seguiu os preceitos da Igreja…) e tudo o quanto se pode imaginar pra sacanear o presidente. Vejam aqui um post do Ariel Palacios, do Estadão, sobre isso e caiam na gargalhada!
Mas falando (ou escrevendo) sério agora. O Rafael Correa foi reeleito no Equador. Até aí, já era mais do que esperado. Acontece que ele deu uma declaração hoje que me chamou a atenção:
“Não há dúvidas (sobre a liderança do Brasil na América Latina). Ninguém pode duvidar da importância do Brasil. É uma das 10 economias maiores do mundo e, por isso, adota essa liderança”
Por favor, né, pessoal? Dizer que ele pensa isso do Brasil é o mesmo que acreditar que o povo não quer usar a cota de passagens da câmara pra mandar todos os políticos pra umas férias no México (de preferência numa granja de porcos)…
Infelizmente, a impressão que se tem do Brasil na América Latina, principalmente entre nossos vizinhos, é a de que somos um país imperialista, do mesmo modo que nós criticamos os Estados Unidos. E isso não é de hoje.
De fato, embora nunca tenha se metido em outra grande guerra desde a do Paraguai, o Brasil passou por cima de muitos territórios dos vizinhos (mesmo que por meios de acordos e tratados do tempo do Rio Branco), se aliou muito mais com os EUA e Europa do que com eles e, isso é inegável, sempre tentou exercer sobre a região uma certa hegemonia. Além disso, nossa língua é diferente, o que dificulta qualquer contato. Não nos identificamos culturalmente com nossos vizinhos (os brasileiros se sentem mais próximos de Portugal ou da Itália, que estão do outro lado do Atlântico, do que com o Paraguai que está aqui do lado).
E isso tem aumentado, e muito, durante o governo Lula. Houve uma mudança de foco em nossa política externa. Até o FHC, éramos voltados para os grandes mercados do norte. Agora, há uma tentativa de ser fazer uma política sul-sul, com o Brasil (supostamente) liderando esse movimento. O Lula já viajou incontáveis vezes pra África e pro Mercosul, por exemplo.
E por trás disso, amigos, não sejamos ingênuos, há interesses por parte do Brasil, entre eles, o de se consolidar (ou até mesmo de tornar-se) como o líder da região e assim firmar-se como potência regional. E para isso o governo tem feito investimentos, principalmente aqui na América do Sul por meio do BNDS ou incentivando empresas brasileiras a se aventurarem por lá. Tem até se engajado em missões de paz da ONU, como no caso em que se comprometeu a liderar a missão no Haiti.
E é claro que os nossos vizinhos não são bestas. Já perceberam isso. E não aceitam o Brasil liderando nem marchinha de carnaval por aqui. Aliás, as medidas protecionistas da Argentina, os calotes que o Equador vem dando, as palhaçadas do Evo Morales, os rolos da Petrobrás no Peru por conta de licenças ambientais… enfim, inúmeros são os casos em que se deixa claro que eles não respeitam e não aceitam a posição que o Brasil QUER ter.
E isso também se tem visto quando o Brasil, por exemplo, quer assumir um papel de liderança em alguma organização internacional: os que sempre votam contra são os daqui. Aliás, desde o início deste governo, quando esse movimento começou, não conseguimos uma única vitória de peso sequer em qualquer organismo internacional…
Dessa vez tenho de concordar que esse movimento de aproximação do governo não foi de todo errado, mas ficou muito claro o interesse ‘oculto’ do Brasil nisso tudo. E disso, fala sério, ninguém gosta…