Quem disse que cachaça não combina com educação? Bom, Dilma e Obama conseguiram muito bem juntar os dois durante a visita da nossa presidente aos Estados Unidos. Calma, pessoal, não teremos em vista nenhum revolucionário método de ensino. Esses somente foram dois temas tratados e acordados na mesma ocasião. A cachaça tornou-se um produto que só pode ser comercializado nos EUA se for brasileira e, em contrapartida, o famoso Bourbon estadunidense teria o mesmo benefício. E a educação, seja pelo famoso programa “Ciência sem Fronteiras” seja pela proposta de instalar um MIT no Brasil, foi outra fonte de barganha brasileira.
Literalmente, os temas tratados estiveram entre a cachaça e a educação. O que significa que se discutiu um amplo rol de questões nesse encontro bilateral (clique aqui para conferir os atos assinados). O Brasil não se isentou de criticar as políticas cambiais dos EUA, tentar fortalecer o lobby por sua candidatura ao Conselho de Segurança ou falar da importância de Cuba na Cúpula das Américas. Nem mesmo o Tio Sam de criticar a postura brasileira com relação à Síria. E, por outro lado, tivemos um discurso recheado de promessas de fortalecimento das relações entre os dois países.
Aos apressados, a visita não representa nem qualquer grande mudança brusca do eixo de orientação da política externa brasileira e nem o abandono da tão aclamada busca por diversificação nos parceiros brasileiros dos últimos governos. Acontece que o Tio Sam sempre foi um país que se fez muito presente no “fazer política” brasileiro e, a cada governo, assim como na política interna trata-se de educação e economia, na diplomacia, as relações com os Estados Unidos são um tema bem importante. Desde os tempos do Barão do Rio Branco quando mudamos o principal eixo da nossa política externa da Europa para a então potência emergente, que a forma como o Brasil se relacionava com esse país subiu para o topo de nossa agenda diplomática.
E não haveria como hoje ser diferente. Basta folharmos os jornais e revistas para vermos um acumulado de notícias sobre como o Brasil “perigosamente dá as costas para seu maior parceiro comercial com protecionismo” ou “aproxima-se demais da grande potência hegemônica que também leva à desindustrialização do país”. É um tema que além de ser essencial à diplomacia brasileira, divide muitas opiniões entre especialistas e comentadores de plantão.
Indepentemente das opiniões alheias, o Brasil tem, ao menos no discurso, retomado a retórica do governo Lula de defesa de um espaço de desenvolvimento para os emergentes. E, se diverge em alguns temas mais amplos e complicados, tem buscado alguns ganhos em questões mais pontuais. A cooperação na área de educação é o maior exemplo disso, e parece estar dentro de uma estratégia de longo prazo de capacitação técnica do país. Bom, ainda discutiremos muitos encontros entre os dois países. Modesto aos grandes temas e com ganhos interessantes nos menores, este encontro ainda renderá discussões.