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A “The Economist” da semana passada trouxe uma reportagem interessante para aqueles que esperam mudanças na política dos EUA para a África. Seu título já diz tudo: “Não espere uma revolução”.
Faz todo o sentido. Em primeiro lugar, Bush desfruta de uma popularidade ainda alta na África, segundo a revista. Muitos programas, entre os quais o PEPFAR (muito polêmico mas que dá muito dinheiro, veja detalhes aqui em inglês), injetaram quase 4 US$ bi em 2008.
Além do mais, a situação na África é espinhosa demais. Em primeiro lugar tem a questão do Sudão. O presidente do país está com mandato de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (veja aqui posts do nosso blog sobre o assunto). Acontece que Bush foi um ferrenho opositor do TPI e não dá pra mudar as coisas assim de uma hora pra outra, além disso, pega mal para os africanos um presidente negro perseguindo outro, segundo a The Economist.
Na Somália o negócio não é diferente (veja mais sobre a Somália aqui). Os EUA apoiou durante o governo Bush a invasão da Somália pela Etiópia a fim de derrubar os rebeldes islâmicos que estão extra-oficialmente no poder por lá. De repente, Obama provavelmente continuará apoiando a Etiópia, o que é mais fácil do que enfiar a mão no vespeiro da Somália.
Novamente, há outro ninho de vespas por lá, o Quênia, nação do pai do Obama. O país sempre foi um aliado chave dos EUA na África, mas a situação está esquentando, o país tem ficado instável e, dificilmente, o novo presidente americano vai querer enfrentar os custos políticos e econômicos de apagar o fogo no Quênia.
Assim, é muito mais provável que haja continuidade nas políticas americanas para a África do que mudanças, seja pelo trabalho de Bush, seja pelos custos de se fazer mudanças.