Dizem que quem foi rei nunca perde a majestade. Eu diria que quem foi rei nunca quer deixar o castelo…
Inocência…
Por Alcir Candido
Este aí em cima limpando o salão é o 1° ministro da Itália, Silvio Berlusconi.
Presidente do Milan, um dos homens mais ricos da Europa, dono de duas redes de TV na Itália…
Bianca Fadel, você acha que o Lula não tem bom senso? Multiplique por 1000 que vc chega nesse cara.
Aliás, o nosso presidente é um gentleman perto do Berlusconi. Nossos senadores e deputados são moralistas perto dele. Se eu fosse colocar aqui todas as gafes dele, seria o maior post da história deste blog com toda certeza. E ele diz que nunca cometeu gafes…
Clique aqui e veja a da vez. A esposa do tal anda denunciando o cara por uma série de coisas. Ela disse que “sobre a influência do seu marido, a política italiana havia se convertido em um lixeiro sem pudor” onde só contam o físico e a televisão, e em que muitos pais estão dispostos a fechar os olhos e oferecer suas filhas virgens ao dragão” (veja de onde este trecho foi tirado). No caso, o dragão é o esposo dela. Não sei, mas ela começou a ficar brava mesmo quando o Berlusconi, sem saber que o microfone estava ligado, pediu para “apalpar” uma voluntária em um evento, além do suposto caso com uma mocinha de 18 anos.
Esses dias ele veio com a história de colocar modelos pra serem candidatas à cargos legislativos na Itália (só 20% das candidaturas do seu partido). Uma ‘bela’ tática, né?
Qual foi a novidade dessa vez? Simples: essas fotos que estão no link que eu coloquei foram proibidas na Itália pelo próprio Berlusconi. Ele já está meio capengando por lá, e num país religioso e moralista como a Itália festinhas como aquelas não são bem vistas, poderiam ser a gota d’água.
Mas ele subestimou o poder da internet, que é bem maior hoje do que das outras vezes que foi 1° ministro. O jornal espanhol El País simplesmente publicou as fotos hoje…
Ele disse que as fotos são “inocentes”, uma agressão à intimidade de seus convidados, e que vai processar o jornal.
Vamos ver no que dá.
Aliás, sei que nosso blog tem leitores na Itália. Poderiam nos dizer como estão as coisas por aí com relação a isso, não é?
Papa (quer ser) pop!
Por Alcir Candido
Pessoal, tem papa que é pop. E tem papa que quer ser pop. O Bento XVI é um que entra no segundo caso. E às vezes eu tenho até dó dele, pra falar a verdade.
Vejam o exemplo. Esta semana ele foi pro Oriente Médio. E na maior boa vontade. Não sejamos bobos, ele foi pra lá com interesses políticos. Já fez o maior estrago com o mundo árabe naquela história de que o islã é violento e tal. Aí foi comendo pelas beradas, uma declaração aqui, outra lá. Até que foi pra Turquia, que é o mais ocidental dos países islâmicos. Enfim, até que chegou ao barril de pólvora do Oriente Médio.
E tem se portado com um papa mesmo. Declarações vagas sobre a paz. Apóia um Estado palestino (coisa que até Israel disse que aceita com os devidos limites), enfim, nada bombástico.
É claro que temos de destacar o movimento clássico em termos políticos: depois de se queimar com o mundo islâmico (que representa 1/3 da população mundial), é claro que ele ia puxar a sardinha pro lado deles. Passeou por lá, fez discursos, missas, defendeu o Estado palestino…
E é claro que isso não agradou aos judeus… Veio à tona a tal da história de que o papa foi da juventude nazista. o que eu acho uma bobagem, porque na Alemanha nazista TODOS eram obrigados a se inscrever nesse tipo de coisa…
Enfim… O coitado não agradou nem a gregos nem a troianos, e muito menos a palestinos e israelenses… Mas vale a tentativa, mostra que a igreja está ciente da importância das questões religiosas para a estabilidade do nosso mundo véio sem portera e que o papa quer ser pop!
Categorias: Europa, Paz, Política e Política Externa
E agora, José?
Por Alcir Candido
Temos visto recentemente o imbróglio em que se meteu o Brasil por causa do tal do Batisti. Só pra recordar, o ministro Tarso Genro deu refúgio político a este senhor, condenado por quatro homícidios pela Itália.
Não vou entrar no mérito da decisão do ministro, isso é outra discussão. Acontece que o Brasil tomou uma decisão polêmica e, por mais que o governo queira voltar atrás, agora vai ficar feio. Depois de tanta ladainha, se o governo ou o ministro se retratarem, a comunidade internacional vai ficar com a impressão de que é só apertar que o Brasil espana, e isso não é bom.
Agora cabe ao STF decidir o caso, já que o STJ, hoje, negou o mandado de segurança que a Itália pediu. Mas a coisa não é tão simples assim. Aos partidários de Batisti, a situação é boa.
Por mais que a decisão do ministro tenha sido errada, ele está amparado pela Lei. Ele tem a prerrogrativa de dar status de refugiado a quem ele achar que deve, mesmo que o parecer técnico da comissão de refugiados diga o contrário (no caso foi isso mesmo que aconteceu). Portanto, não há inconstitucionalidade nenhuma na medida do ministro e o STF, guardião da constituição, só poderia anular a medida caso ela não estivesse seguindo as regras da Carta Magna.
Mas, para os que querem que o Batisti volte pra Itália porque já temos bandidos demais por aqui, temos notícias boas também. Como a gente sabe, em matéria de Direito (feliz ou infelizmente), sempre se dá um jeitinho. E três dos ministros do supremo já sinalizaram a possibilidade de declarar inconstitucional não a obra do ministro Tarso, mas a lei de refugiados, ou então a prerrogativa do ministro de fazer o que quiser.
Com certeza, há muito mais correndo nos bastidores do que nós estamos vendo ou sequer vamos ver.
E, já que para o executivo, mesmo que se queira, voltar atrás fica feio, que o judiciário se vire com a Itália, não é mesmo?